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O dia em que eu perdi o Brasil

Num ano em que as pessoas me mostraram seu pior lado, percebi que muito provavelmente sou eu que estou no lugar errado

Vai demorar um pouco ainda para a gente ter a exata dimensão do que aconteceu em 28/10/2018.

Mas isso eu deixo para os analistas políticos resolverem nos próximos meses. Nessa última vez em que vou falar sobre as eleições desse ano, o papo é sobre a minha fé no Brasil, que se foi. Antes, reafirmo que assino embaixo de todos os posts de meus amigos nas redes sociais sobre não soltar as mãos, começar a luta e ir pra cima com tudo, agora como oposição. Ouçam o que eles dizem pois estão certos. Mas ao mesmo tempo, preciso desse desabafo.

Na década passada Criolo cantou “as pessoas não são más, elas apenas estão perdidas”. Não poderia discordar mais. As pessoas são más sim. As pessoas aceitaram dar a cadeira mais importante do país pra um racista, homofóbico, fascista e corrupto em troca da eliminação de um partido cheio de erros, mas com o mínimo de senso de humanidade. A luta de negros, mulheres, gays e outros, que todos os dias precisam correr o dobro pra alcançar as oportunidades do branco hétero de classe média, não vale nada para estes. As pessoas são más. E para conseguir o que querem, passam por cima da cabeça de quem for preciso. E isso faz com que minha fé no Brasil e nos brasileiros vá pelo ralo.

Se você é um dos 57 milhões de votos do Bolsonaro (ou um dos 42 milhões de nulos, brancos e abstenções) e agora tenta promover um discurso falso de união, por favor, nem tente comigo. Eu, negro, repudio e sempre repudiarei o racista e os que andam ao seu lado. Saiba que para sempre você (e eu sei o nome e o rosto de cada um de vocês) terá o meu mais profundo desprezo, junto de um governo que jamais terá meu apoio para nada, sob hipótese alguma. O discurso de “dar chance ao novo” não existe quando o novo agride com palavras a minha luta e valida a violência contra o meu povo. Não me dirija a palavra nem aqui, nem em lugar nenhum, nunca mais.

Abracem a melhora artificial que os sempre malditos indicadores econômicos terão agora (impulsionados 100% por excitação do mercado e 0% por ações práticas do presidente). “O dólar caiu”, “caiu o desemprego”, “fizemos certo, Bolsonaro tá melhorando as coisas”, e depois não fujam não hora de pagar o preço que virá no médio e longo prazo.

Sobre o nosso candidato, todo meu respeito. Fernando Haddad é um homem de muito valor, muito decente e muito capaz. A República dos Babuínos Raivosos não o merece. Botou a cara em uma luta perdida, rodou o Brasil atrás de cada voto e nos deu esperança na busca pelo que era quase impossível. Aqui também quero parabenizar todos que neste segundo turno se expuseram, na internet e principalmente nas ruas, num esforço para mostrar às pessoas o erro que estava sendo cometido no país. Vocês são exemplo e pra mim foi um tremendo orgulho estar do lado certo desta trincheira com cada um.

Sobre o meu candidato do primeiro turno, Ciro Gomes, é importante dizer algo que talvez ele não tenha percebido ainda. Nunca foi sobre ele ou o que ele representa. Sempre foi sobre a matemática óbvia de que só o PT perderia para o Bolsonaro. Só o antipetismo teria forças para tornar presidente alguém que não consegue montar 3 frases. Sabemos que o PT sempre tem forças para colocar um candidato no segundo turno. Sabemos que a massa que coloca os candidatos do PT no segundo turno não necessariamente está nas redes sociais. Mas ainda assim lutamos para tentar mobilizar, uma fração que fosse, contra o suicídio que era o voto no 13 no primeiro turno. Não foi o suficiente, e fomos para o embate final com o único cenário de derrota certa. Ainda assim, fico feliz de ter ao menos tentado mostrar para os que estiveram ao meu alcance que colocar o 13 no segundo turno era a receita da tragédia (que se confirmou).

Gente demais nesse país ama o PT e eu entendo os motivos. Mas como bem disse a Joice Berth de ontem pra hoje, “amor não vence guerra, estratégia vence guerra”. Então aos que passaram os últimos dias xingando eleitor do Ciro, também deixo uma mensagem: parem, vocês estão fazendo papel de bobos.

Mas, voltando ao Ciro, repito, nunca foi sobre você, caro colega de 38 anos de vida pública, mas sim sobre quem estivesse em terceiro nas pesquisas (que por um acaso dessa vida, era você). Fosse a Marina, o Boulos, o Alckmin, até o Meirelles. Seu silêncio no segundo turno, Ciro, só mostra que você se deixou iludir pelos 11 milhões de votos e saiu acreditando ser maior do que é. Até teria potencial para ser grande um dia. Mas nunca será. Uma pena.

Aos que irão se engajar fisicamente na oposição a partir de agora, dois conselhos principais: 1) não se arrisquem além do necessário, tem muito Marighella Virtual por aí querendo induzir vocês ao erro; 2) vocês são maiores que o PT, não se tornem reféns deste partido. Toda gratidão do mundo ao Lula e ao que ele representou pro Brasil durante 8 anos. Mas essa página precisa ser virada. A sobrevivência de uma frente progressista de esquerda no Brasil depende disso. Mais Guilherme Boulos, menos Gleisi Hoffmann.

Os tempos serão os mais duros. “Eles venceram e o sinal está fechado pra nós”. Cada vez mais o conceito de esquerda será marginalizado nos próximos anos na percepção do público leigo. Fica fácil se queimar com a população e receber o selo de “vândalos” na testa em qualquer manifestação mais forte. Por isso, mais do que nunca, é necessário se conectar ao povo. A derrota de Haddad em 2016 (quando perdeu para João Doria até na periferia de São Paulo) já tinha de ter ligado o alerta vermelho pra isso. Não aconteceu e tomamos ontem a maior pedrada das nossas vidas.

Aliás, por falar no infeliz, como desgraça pouca é bobagem, o Estado de São Paulo elegeu João Doria para Governador. Aquele que acordava morador de rua com jato d’água. Aquele que derrubou prédio com gente dentro. Aquele que agora promete ordenar que a polícia atire pra matar.

Quem vai levar esse tiro, na maioria das vezes vai ser o jovem negro de periferia “confundido com bandido”. E você, eleitor do Doria, sabe disso. E não se importa. Eu sou um negro de periferia. Meu irmão é um negro de periferia. Minha mãe é uma mulher negra de periferia. Todos somos alvo a partir de agora. As pessoas são más, Criolo.

Eu não tenho fé de que o cenário da bancada bolsonarista é reversível no médio prazo. Eu não tenho fé de que as coisas vão melhorar por aqui para as pessoas mais carentes que conseguiram o pouco que tinham nos governos minimamente progressistas do PT. Eu não tenho fé de que a esquerda conseguirá tão cedo se desvincular da pencha de baderneiros comunistas e começar a angariar a população desinformada para o entendimento de que a luta é de classes. Eu não tenho fé na evolução do povo brasileiro.

Estamos em um país extremamente individualista e elitista. Uma nação que promove uma desigualdade galopante e se enerva com qualquer tipo de ação que aproxime os mais pobres das classes privilegiadas. O Brasil de Bolsonaro, Doria, Witsel, Crivella, Olímpio e Janaína é o Brasil que o Brasil quer ser. Lutamos muito contra a verdade de vivermos em um país onde a mídia promove a deterioração de agendas progressistas e o público recebe de bom grado. Depois de ontem, quando 99 milhões de pessoas aptas ao voto não entenderam a importância de colocar 13 na urna, não dá mais.

Por isso hoje, de cabeça fria e de maneira cética, posso dizer que meu futuro não está aqui.

Durante os próximos dois anos minha luta social é para dar todo o apoio possível aos que vão construir esta nova oposição no Brasil. Ao mesmo tempo, minha luta pessoal será para sobreviver este mesmo período e partir para onde minhas ideias de uma sociedade justa e saudável não sejam rejeitadas por 68% da população apta ao voto.

A partir de 1º de janeiro, este será o país que acredita no ensino a distância como solução para a educação, que vê no armamento da população a solução para a segurança, que vê as demandas por leis rígidas contra a homofobia, o racismo e o feminicídio como “coitadismo”, que acredita que o trabalhador brasileiro tem “direitos demais”, e o corte destes vai ajudá-lo.

Ontem eu perdi as esperanças que eu mais alimentava. Perdi a admiração por pessoas que muito considerava. Perdi o país que eu mais amava.

Uma vez que a partir de 2019 este será o país laico que coloca “Deus acima de todos”, rogo para que ele olhe pelo povo daqui. Que não permita que a violência aflorada pela campanha do vencedor cause danos àqueles que só possuem o bem no coração.

Eu me vou. Com o sonho de construir uma família com a mulher que amo longe de toda a tristeza, ódio e barbárie que isso aqui virou.

Um dia pode ser que as coisas melhorem por aqui. Que as pessoas acordem para os reais problemas sociais que temos. Que percebam de uma vez por todas que certos valores não se negociam.

Um dia pode ser que eu volte.

Quem sabe.

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